a pobrezinha
descalça
na estrada geada
mendigava
um quarto de trigo
uma sopa
um naco de pão
coisa qualquer
pouco mais que nada
o que deus quisesse
naqueles tempos
de negra fome
o desembargador
homem rico da freguesia
olhou-a com ar irado
mandou-a trabalhar
a pobre
sem forças
sem amparo
sem marido a seu lado
apenas um filhinho
sabe deus de quem
que faminto chorava
e continuou estrada fora
com frio e fome
a carregar nos braços
o pecado que em vida
nunca lhe foi perdoado
neste dia de todos os santos
vejo o teu rico jazigo
homem de leis abastado
impiedoso e celerado
e sei que por teu acto
naquele inverno
ardes hoje no inferno
em pecado
de que nunca
serás inocentado
enquanto a pobre no paraíso
santa alma de amor
reza por ti juiz iníquo
o perdão a nosso senhor
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