para andré breton
as chamas que masturbam a colina as locuções desprezadas pelos mestres a rima paradoxal do sexo sem erecção
trabalhadores da construção em implosão ilusão de um povo macerado em vinha-dalhos
quadros de gosto dissoluto em quarto de pensão praça do chile intendente bairro alto de meretrizes e gays
um broche no técnico a marreca de algés jubilou-se
um pilrete num jaguar amarelo a retrete pública dos desordenados epiceno desnatural das borras rectais
olivais jardim do império onde navegaram tantos anormais rabetas de profissão à tocaia intimidadas as fêmeas sem fregueses
conde redondo disfarçado no trajar ultraje ao elefante branco ali ao lado
putas à rua
acompanhantes aos bares
casadas aos apartamentos
o sol que se põe nas tairocas desprezadas no brejo a noite que cai na cabeça quadrangular da menopausa
os amores clássicos o acto procriador aéreo
o adultério na adega de tonéis aquosos o furto do andar térreo
três vinténs de puberdade esfaimada
homenzinhos de jaquetão de vidro e calça esticada de betão piça ressequida abotoada aos fundilhos enredados
cem poemas escritos na areia verde do sangue espessado
cem poemas por um cavalo alado
cem poemas por uma humanidade novel debelada por versos azuis detonação da cor sem forma a gerar espiritualidade
na arte senil e na literatura de cordel
não escrituro para supérfluos cabouqueiros de numerárias nem para donas de casa por branquear rameiras de funil
o marceneiro sempre disse que a mulher não é constante
por muito séria que a tomem há sempre um homem qualquer trocado por qualquer homem
qualquer ebanista é erudito nesta disciplina
não havemos de permutar mulher por outra havendo ocasião
quando as que nos trocam dissimulam genuidade na omissão da justeza vaginiforme
seremos parvos estaremos turvos ou laçados?
viva la vie
voilá les femmes et son usage
nada lavro que se não possa ler na missa de domingo onde os ternos coçados se passeiam irreverentes em bicos de pés cristãos-submarinos na aflição à tona
beatas ratas de sacristia numa fona padres inadequados para consumo bicos sacralizados por pastor beatificado
cristo de encomenda patente em delubro
o milagre do santo sexo sacramento de crianças nuas e acessíveis viúvas ao rubro
as três tabuletas da trindade nos seios da sineira alcova de abade incestuoso
os poemas breton regalam-me absorvem-me o sono marcam a cadência ajustam o som da melodia ao contraponto burlesco da burguesia e das putas da freguesia
voilà les femmes et sa chatte abusé
cão que late megera que lê
les cornes du impuissant governo do excremento
os meus estúpidos poemas afectam-me o adormecimento
são o meu prazer ironia do destino vossa espertina
mas teu sono não breton estás seguro no teu jazigo
meu poeta
confidente
meu amigo
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