que importa se a vida é breve
a noite é durável aguardo pela opacidade o vento desliza na folhagem das árvores a lua cresce na abóboda ofuscando as estrelas
calçadas na estrada das almas
santiago
deixem-nas passar não as perturbem
não afrontem quem escolhe a via dos roseirais e das andorinhas primaveris negras negras
anunciadoras de dor e vida
o negro é pesar alegria e amor amor
deus conturba-me a alma confunde-me
desperto com o espírito obstruído pela obsessão
deus alma alma deus
vai persistir todo o santo dia um impulso irresistível à oração silente como a profundeza do universo e a fundura do espírito
palavra inacessível ao avaro e ao ganancioso
a razão é um rio que corre para nascente um carrossel tresloucado de uma só rédea orbicular
a minha vida veloz em movimento de extinção
que a razão morra nos braços da intuição da sensibilidade da paixão sem oposto que a leve o diabo
a noite é estável demando minha alma cerrando os olhos
já só consigo contemplar as ondas do mar afinal sou o mareante de outrora navegante das brisas insondáveis piloto de vento da quietação
criança marítima para sempre
aguardo pelo meu veleiro assim lavrarei nos mares o silêncio das águas e ao timão fundearei no que é dentro de mim angra dos adoradores
hei-de beijar o alento que meu ventre acolhe
o meu barco é a extensão da minha alma
sou o meu barco o meu barco sou eu âmago da unidade
e o espírito de deus a pairar sobre as águas
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