vale de flores
um dardo negro esvoaça do beirado
de sol a sol encontro o assinalado com a palidez da morte
homens de outrora saudavam o cuco com as suas enxadas
tão pesadas como canetas de tinta permanente
vermelha a escorrer
cai uma telha do cortelho
tinha sido um soldado exemplar
cruz de guerra de segunda
agora humilhado a cavar vigiado pelo feitor de bata preta
sim senhor prior mas a terra é dura
ignoram-se paraísos
corações esmagados por ídolos de madeira
o peso da minha dor sentado na cadeira de braços triturados
roída por verminosos ratos
e as intrigas?
ouve meu filho e tu meu amigo estelar vive e deixa viver rejeita a carcoma
quantas vezes mel ou é foda ou canelada
conada de palrador gerado em viveiro
que se erga o pregoeiro no meio dos corpos santos se os houver
que levante as mãos ao céu quem as tiver
cinzeiro de prata efervescente porteiro da morgue
não há quem lhes toque
e o umbral da porta?
em dois versos se abrange o mundo por inteiro
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