a soledade não é uma doença
é a sémita do insondável andarilhada em noite de lua nova é o aguaceiro que lava os campos da imaginação e esmorece a indignação do injustiçado
os mercados declaram-se aos ventos do martírio e do desprezo licencioso
um novo dia um novo pão e o mesmo café na esquina do bairro amordaçado
a melancolia do gesto ritual no primeiro cigarro do amanhecer aspirado com a volúpia da predição das costelas do pacote de papel os fumadores morrem prematuramente
penso a maior parte dos não fumantes também morreu há muito e não esfumaçam os inglórios petulantes
uma nova viagem talvez eternamente circular
como quem viaja sem sair do mesmo lugar
um novo amor de seiva virgem
para quê se já nem sei amar
e se o amor não colhe mais ninguém
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