é penosa a largada e apetecida a chegada quando não é mais dolorosa que a partida aflitivo contra-senso mas natural tão natural como o frio num dia de inverno e o calor numa tarde de verão
o mundo parece ruir no coração firmado à angústia constrição sem regeneração
quando se abala nunca se deve olhar para trás
tal albatroz-errante a perfumar nimbos oceânicos
tudo é jogo do mental cara ou coroa da existência
permutar regalos mundanos pela reclusão silente quietude liquefeita na chama de círio que alumia as trevas de noites duráveis
o azul de klein evoca o mar do entardecer quando o sol já cabeceia no horizonte e o veleiro vai trovejando nas águas
o ocre dos velhos paisagistas românticos no cume da serra que fala às estrelas
e aqui há que eleger
sonhos da noite passada dúvidas e irresoluções que fenecem no desabrochamento da flor da cerejeira
expiram na lentidão do remanso sedentário todos os desígnios a alucinação de um novo bem-querer do espírito a abjurar temporariamente a carne
o clamor da serrania nos magníficos ossos da terra e nas veias de águas sacrossantas
o luar que o mar irradia cor de prata a congregação do azul no trilho do infinito
não posso ter tudo pouco me afecta ou preocupa
há que escolher
talvez o mar talvez a serra
que seja o que tiver de ser
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