o vento acaricia com suavidade o cedro e as velhas árvores que agasalham a escuridão da rua deserta
sussurrando ao sono frases caiadas de amor
há luminosidades no tejo que amimam as águas mansas na ponte também luzes amarelas e fixas aviso à navegação
nenhum outro som respira enquanto as casas dormitam depauperadas na penumbra exterior
apenas elisir d´amore donizetti como convém ao tálamo ermo
o reino dos céus onde está ele?
na alma recriada e não ocupada cujos olhos são como os da águia planante
vendo a realidade tal qual é sem dilecção
para que quero eu o ódio flamejante e o amor dualista o desejo o apego as escolhas ou preferências e as tordesilhas da alma antiga?
labrego
a beleza de uma alma vazia basta-me nela cabem todos os universos os versos e os poemas o bom e o mau o belo e o feio o agradável e o desagradável o prazer e o sofrimento
tudo lhe cabe momento a momento
e a cada instante o que passa sem deixar rastro
conta-nos em surdina a verdade da não-verdade
assim se atingindo o que se não busca
o vento já passou
as luzes aguardam na madrugada o decesso
talvez ainda esteja desperto certificarei o óbito da noite oculta
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