tempo e amor rareiam na concisão da vida
época de incerteza
a noite é minha perdoem-me não cruzem displicentes a vereda de quem pelo suor e fadiga lavra o seu destino
a alma se consumida pela vileza do mundo não acolhe a eternidade
compreender em altura que meia noite é meia vida
perdida a hora
perdida a vida
candeia que alumia sem que veja o que se esconde e o que se deveria ocultar na escuridão da alma vazia
torpeza do que vegeta no esterco da evolução
abundam os iníquos e o mundo dos humanos é a imagem espelhada exacta dos mil e um demónios
jerusalém esquadrinhada e desocupada
como é vã a ambição vertida no palácio dos espelhos disformes no fim nada resta e a vaidade esboroa-se em odiosas cinzas negras
noites não são sono
são alegria sem fim
sem cansaço em mim
umas vezes atento outras mergulhado em doce letargia
dispenso companhia
renúncia amorosa de quem sente em mundo menor um amor maior
ventura silente de peregrino tardio
fiquem-se com vossos projectos ilusões desejos agonia
eu quedar-me-ei assim só probo e desacompanhado
do que é mundano do que tenho e tinha
transmutando a cada passo a noite em dia
sem pressa nem demora sem hora
a noite é minha
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